Autor: Wudson Silva | Editora: Aped | Páginas: 168 | Ano: 2012
Isaias é um policial mal-humorado que exerce seu trabalho sem maiores percalços na apática Rio Vermelho, pequena cidade do interior de Minas Gerais. Mas sua rotina se transforma quando, em certa manhã, é encontrado no quintal da casa paroquial o corpo da jovem Judith. A investigação mal sucedida leva à solicitação de auxílio de um detetive da capital. Clóvis, o detetive recém-chegado, exibia um estranho movimento no olhar e uma capacidade extraordinária e inacreditável: ele lia os pensamentos alheios. Pelo delegado, Isaías soube que o detetive fazia isso dialogando com anjos. A investigação ia ficando a cada dia mais instigante. Mas Isaías intrigava-se com dificuldade de Clóvis em desvendar o crime, afinal, não lhe bastaria perguntar e observar os anjos próximos dos suspeitos? Assim que Isaias compreende como o detetive Clóvis visualiza o mundo através dos anjos e como esses influenciam os seres humanos, descobriu não só o segredo de Judith, mas viu mudar por completo sua vida e seu destino.
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Judith Figueiredo, a catequista da cidade de Rio Vermelho foi encontrada morta no quintal da casa paroquial - o que seria um homicídio comum, porém -, envolta por um pentagrama desenhado no chão ao seu redor. O que já leva e um suspeito, Josias, um homem que tem fama de feiticeiro, e que havia se 'desentendido' com a moça.
Para solucionar este caso o mais rápido possível, o policial Isaías recebe a ajuda de um detetive, Clóvis - que estava trabalhando num caso de um Iconoclasta -, um homem com um dom muito interessante...
A nova dupla começa a trabalhar no caso. Logo Isaías percebe o modo exótico que Clóvis tem de fazer suas investigações, e como o detetive parece adivinhar seus pensamentos.
Ele surpreende a todos com informações inimagináveis - Descobertas sobre quem as pessoas realmente são, o que fizeram... -, interroga todos os próximos e com as informações destes adicionadas a seu dom ele descobre o que é verdadeiro e o que é falso. Assim, o crime toma um rumo diferente do previsto.
Eu realmente não vou conseguir falar muito sobre esta obra, porque ela é muito pequena. Mas minha opinião sobre ela é positiva.A mistura de gêneros foi uma das primeiras coisas que me chamou atenção quando li sobre o livro. Um romance sobrenatural/policial, não é algo que se encontre sempre por aí; Muito menos um com um bom desenvolvimento como esse. O autor conseguiu unir bem os gêneros (que são bem incompatíveis), e criar uma história interessante, que prende a atenção.
O livro é narrado em 1ª pessoa, o que é diferente no caso, pois o personagem principal é Clóvis, mas o narrador é Isaías. Essa realmente foi uma boa jogada, porque Isaías era um completo babaca - Desculpem-me, mas ele realmente tinha uma mente muito limitada -, mas como podem ler, meus verbos estão conjugados no passado.
Acompanhar a mente de um personagem é algo que chama minha atenção em qualquer livro, principalmente quando estes tem uma metamorfose, de opiniões e pensamentos. E o fato de o autor não ter abordado de algum modo a transformação mental de Isaías me incomodou , apesar de dois anos depois do fim do caso ele nos escrever com um ar mais maduro e respeitoso, sério, adulto... responsável? Acho que essa é a melhor definição. Imagino que a demora do amadurecimento se deva a hora em que ele realmente decidiu mudar, quando ele decidiu que queria algo concreto e iria faze-lo.
Já que estamos falando de personagens, vamos a construção deles. Não são personagens com a descrição muito aprofundada, e não me parecem "pessoas mais profundas"; Com exceção de Clóvis - e talvez Josias. Ele me chamou atenção por ser profundo e lidar bem com seu segredo, com seu maravilhoso - ou não - dom, pela descrição, ele parece-me aquele cara misterioso, que você seria curioso para conhecer, e ao mesmo tempo, sentiria uma espécie de medo. Eu adoro isso. Já Josias é o típico 'acusado inocente', não fez nada de mal a ninguém, mas falam mal dele, é macumbeiro, etc, e apesar de ele não ter sido muito abordado na trama, eu gostei dele, acho que também tem algo a mais, algo a ser descoberto no personagem; Apesar de também achar que ele não deve mais ser visto nas continuações.
"Faz diferença ser culpado ou inocente? As pessoas me veem com temor, os amigos que conquistei se afastaram [...] Estava no auge da minha felicidade e fui jogado na sarjeta. Lutei pelos meus ideais, lutei por uma vida digna, mudei meu modo de pensar e vestir. E o que isto adiantou? Nada! Sinto o demônio zombar de mim; sinto o olhar de desprezo das pessoas[...] "
Judith é aquela pessoa que você acha ser adorável, mas depois quer matar; Acreditem em mim. E temos os coadjuvantes, que em sua maioria são bem 'previsíveis'.
Sobre o crime, eu fiquei realmente muito interessada, pois cada vez mais, as investigações levavam a pessoas e motivos diferentes, de vez em quando era perceptível, mas o detetive acabava descobrindo mais algo... e aparecem mais pistas, e seu desfecho, admito, é bem plausível; Um crime perfeito,
Nota: A edição podia ter ficado muito melhor, um livro tão bom merecia uma melhor revisão. Encontrei diversos erros de português ao longo do livro. A APED precisa melhorar suas edições
Um bom mistério, um bom desfecho, uma boa história... E uma escrita agradável - Fora as boas frases. Rápida, leve e ás vezes bem engraçada, não pelo fato de diretamente nos fazer rir, mas a ironia contida em algumas partes, graças a ignorância de Isaías. Isso me arrancou risadas sim.
Bem, isso é tudo pessoal. Como é um livro pequeno, não tenho tanto o que comentar. Acredito que mais informações e dúvidas deixadas nesse serão esclarecidas em "A Facção Iconoclasta", e eu tenho expectativas, porque além de muito bom, eu imagino que "O Segredo de Judith" seja um prólogo, ou uma distração, algo que antecede a verdadeira história, e com um "Prólogo" tão bom, não posso esperar de menos.
Nota:
4/5
